domingo, 12 de fevereiro de 2017

Desmatamento explode na Amazônia

De 2015 para cá, cresceu o desmatamento ilegal na Amazônia, fazendo com que a taxa atingisse seu nível mais alto em 8 anos. A descoberta desencadeou preocupações de que o país possa perder uma década de progressos na proteção florestal.
Em uma análise de dados obtidos por satélites publicados em 29 de novembro, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) estimou que 7.989 quilômetros quadrados de terra — quase cinco vezes o tamanho da cidade de São Paulo — foram desmatados entre agosto de 2015 e julho de 2016. O total foi 29% maior do que no ano anterior e 75% maior do que o registrado em 2012, quando o desflorestamento atingiu uma baixa histórica de 4.571 quilômetros quadrados.
As tendências atuais ilustram um senso crescente de impunidade e de traição entre donos de terras que ainda precisam começar a se beneficiar da agenda de desenvolvimento sustentável, afirma Daniel Nepstad, ecologista que lidera o Instituto Inovação Terrestre, em São Francisco, Califórnia. “Muito se fala sobre melhorar as vidas de fazendeiros e donos de terra se eles pararem de desmatar”, explica Nepstad “e eles ainda estão esperando.”
O Brasil se destacou no cenário mundial por quase uma década depois que o desflorestamento começou a cair em 2005, graças, em parte, a uma melhor execução de políticas ambientais por parte do governo, além de um comprometimento maior das indústrias da carne e da soja de parar com o desmatamento. Mas o sucesso do governo provocou uma reação política. O congresso brasileiro afrouxou as proteções florestais do país em 2012, e muitos políticos brasileiros buscam afrouxá-las ainda mais para promover o desenvolvimento da Amazônia.
Enquanto isso, o país foi abalado por uma recessão econômica e por contínuos escândalos de corrupção política. Isso afastou o dinheiro e a atenção para longe da execução de políticas ambientais, encorajando fazendeiros e comerciantes ilegais de terra a retomar o desmatamento, afirma Paula Barreto, pesquisador sênior do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia, um grupo ativista de Belém.
Barreto nota que o preço da carne cresceu, bem como o tamanho das áreas sendo desmatadas  — sinal de que os principais envolvidos no jogo estão envolvidos em desmatamento ilegal. Com o governo brasileiro fraco como está, Barreto diz que espera que a própria indústria da carne reforce seus esforços para impedir a venda de gado criado em áreas recém-desmatadas.
Isso seria um ato de interesse próprio, acrescenta, porque a imagem pública da empresa, dentro e fora do país de origem, depende do sucesso contínuo do Brasil em proteger a Amazônia. “No final, isso é ruim para o Brasil, não apenas por conta do meio ambiente, mas também para o mercado da agricultura.”

Fonte: http://www2.uol.com.br/sciam/noticias/desmatamento_explode_na_amazonia.html

Humanos e outros animais perderam e ganharam grandes quantidades de DNA ao longo da evolução

A evolução é comumente vista como uma remodelagem gradual do genoma, o diagrama genético para a construção de um organismo. Mas, em alguns casos, talvez seja mais apropriado vê-la como uma revisão. Ao longo dos últimos 100 milhões de anos, a linhagem humana perdeu um quinto de seu DNA, enquanto uma quantidade ainda maior foi acrescentada, reportam cientistas da Escola de Medicina da Universidade de Utah. Até agora, o grau de expansão e contração de nosso genoma havia sido subestimado, mascarado pelo tamanho relativamente constante ao longo do tempo evolutivo.
Humanos não são os únicos com genomas elásticos. Um novo olhar sobre animais de zoológico, de beija-flores até morcegos e elefantes, sugere que muitos genomas de vertebrados possuem as mesmas propriedades de “sanfona”.
“Eu realmente não esperava por isso,” afirma o autor sênior do estudo, Cédric Feschotte, professor de genética humana. “A natureza dinâmica desses genomas ficou escondida por causa do incrível equilíbrio de perda e ganho.”
Pesquisas anteriores haviam mostrado que o tamanho dos genomas varia bastante entre espécies diferentes de plantas e insetos, um sinal de flutuação. Essa é a primeira pesquisa a comparar um conjunto diverso de vertebrados de sangue quente, 10 mamíferos e 24 pássaros no total. O estudo foi publicado online na Proceedings of the National Academies of Sciences (PNAS) durante a semana do dia 6 de fevereiro.
Aparar para a decolagem 
Quando a evolução se repete, normalmente há uma boa razão. Para a maior parte dos vertebrados, não existe um motivo aparente imediato que explique por que as exclusões e adições do genoma andam de mãos dadas. Para animais que voam, no entanto, pode existir uma pista.
A viagem de Feschotte pelo campo começou cinco anos atrás, depois que sua pesquisa demonstrou um paradoxo. Seu grupo, assim como outros, descobriu que genomas de morcegos estavam cheios de pequenos pedaços de DNA, chamados transposons, que tinham invadido e copiado a si mesmos ao longo de todo o material genético dos mamíferos voadores. Em particular, essa amplificação massiva de transposon expandiu o genoma de uma espécie chamada micro morcegos em 460 megabases — mais material genético do que o existente em um peixe baiacu. Ainda assim, o tamanho total do genoma de um morcego permaneceu relativamente pequeno em comparação com o de outros mamíferos, sugerindo que, embora transposons tenham adicionado DNA novo, parte do DNA velho deve ter sido removido de alguma forma.
“Esses dados imploravam pela resposta da pergunta: para onde foi o DNA velho?” afirma Feschotte. Para manter o tamanho do seus genomas, ele pensou, esse animais devem ser bons em descartar DNA.
Para testar essa hipótese, a equipe precisava quantificar algo que não estava lá, a quantidade de DNA perdido através dos milênios. Feschotte e a autora líder do estudo, Aurélie Kapusta, Ph.D. e pesquisadora associada de genética humana, desenvolveram métodos para extrapolar a quantidade de DNA desaparecido comparando o tamanho dos genomas dos animais hoje com o dos seus ancestrais comuns.
Bem como suspeitaram, o micro morcego perdeu mais DNA ao longo do tempo — três vezes mais — do que ganhou desde a divergência de um ancestral mamífero. O primo desse morcego, o mega morcego, diminuiu ainda mais o seu genoma, perdendo oito vezes mais do que foi adicionado.
As descobertas foram a primeira pista de que os genomas de mamíferos são mais dinâmicos do que se pensava anteriormente. Mas mais do que isso, os dados se encaixam bem com uma ideia que vem sido discutida entre cientistas há algum tempo. Animais que voam possuem genomas menores. Isso porque, talvez, o custo metabólico do voo imponha uma limitação ao tamanho do genoma.
De fato, quando pesquisadores expandiram a pesquisa para incluir os compatriotas alados dos morcegos: pica-paus, garças, beija-flores e outros pássaros, descobriram que a dinâmica dos genomas das duas espécies de mamíferos voadores era mais parecida com a dos outros pássaros do que com a de mamíferos que não voam. Enquanto a maior parte dos mamíferos mostraram uma tendência maior a ter um equilíbrio entre as quantidades de DNA perdidas e adicionadas ao longo do tempo evolutivo, os morcegos mostraram uma tendência a perder DNA ao longo do mesmo período.
Os fatores biológicos por trás dessas diferenças na dinâmicas dos genomas observadas em espécies diferentes provavelmente são complexos e terão ainda que ser explorados. Mas se a perda de conteúdo do genoma permitiu aos animais voadores saírem do chão ou não é uma proposta intrigante que vale a pena ser investigada, afirma Feschotte.
“Se você olhar para partes pequenas do genoma, ou apenas para um ponto do tempo, você não vê que toda a paisagem do genoma mudou com o tempo,” explica Kapusta. “Você pode ver muito mais quando dá um passo para trás e olha a imagem toda.”

Fonte: http://www2.uol.com.br/sciam/noticias/humanos_e_outros_animais_perderam_e_ganharam_grandes_quantidades_de_dna_ao_longo_da_evolucao.html

Uma década após sanção de lei, uma em três casas do país ainda não tem esgoto

  • Esgoto depositado sem tratamento no bairro da Levada, Maceió
    Esgoto depositado sem tratamento no bairro da Levada, Maceió
Na casa de Raquel Abelardo, 36, o mau cheiro e os mosquitos são rotina. Segurando o neto de oito meses repleto de picadas de insetos, a dona de casa recebe o UOL na porta da pequena residência onde eles moram, no bairro da Levada, em Maceió, onde o esgoto corre a céu aberto a menos de dois metros da vila onde vive. 
A casa está em uma estatística que se tornou uma das marcas do Brasil: a falta de saneamento básico. Dez anos após sancionada a Lei do Saneamento Básico, uma em cada três casas do país ainda não têm esgoto ligado a rede. 
 
Um levantamento da Abes (Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental), com base nos dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), mostra que, em 2015 --ano com dados mais recentes disponíveis--, 34,7% dos lares brasileiros estavam fora da rede de esgoto, o que significa 69,2 milhões de pessoas sem acesso ao esgotamento sanitário com mínima qualidade.
Beto Macário/UOL
Raquel Abelardo, 36, moradora do bairro da Levada, em Maceió, segura o neto em seu colo
 
"Hoje, as escolas brasileiras tê, mais acesso à Internet (41%) que a esgoto (36%). Não que não seja importante, mas mostra bem as prioridades do país", afirma o presidente da Abes, Roberval Tavares.
O estudo da Abes fez um comparativo do crescimento entre 2008 e 2015. Os dados de 2006 e 2007 não foram usados porque, segunda a entidade, possuía uma metodologia diferente --o que impediria comparações fidedignas.
 
No esgotamento sanitário por rede, a cobertura avançou 6 pontos percentuais nesse intervalo de 7 anos, passando de 59,3% para 65,3%. Nesse período, 10,3 milhões de pessoas passaram a ter cobertura. 
 
O saneamento básico inclui outros dois itens, que têm melhor cobertura que o esgoto. O abastecimento de água, por exemplo, chegava a 85,4% dos lares em 2015. Já a coleta de lixo tem o melhor índice de cobertura entre os três quesitos, com 89,8% dos domicílios brasileiros atendidos. 
 
Mesmo assim, no Brasil, 29 milhões de pessoas permaneciam sem acesso ao abastecimento geral de água por rede, e 20,5 milhões, sem coleta de lixo.
 

Apenas 22,6% das casas no Norte têm esgoto

Além do alto índice de casas sem esgotamento sanitário, o país convive com outra realidade desafiante: nas diferenças regionais. Enquanto no Sudeste há 88,6% dos domicílios com esgoto ligado à rede, apenas 22,6% têm o serviço no Norte; ou 42,9%, no Nordeste. Sul (65,1%) e Centro-Oeste (53,2%) têm índices mais próximos da média nacional.
 
A diferença também faz parte da estatística de abastecimento de água, onde o Sudeste lidera mais uma vez com 92,2% das casas recebendo água, contra 60,2% do Norte. 
 
No quesito coleta de lixo, as desigualdades existem, mas em diferenças menores. Enquanto no Sudeste tem 96,4% dos domicílios atendidos, no Nordeste são 79,1%. 
 
Para entender como é a vida sem esgoto, basta voltar à casa de Raquel, na periferia de Maceió, onde a rotina de sia família é cercada por problemas. "Olha quantas picadas têm meu filho! Aqui não tem um dia sem mau cheiro, é muito difícil viver aqui. E os políticos só vêm na eleição, dizem que vão resolver, mas nunca fazem nada", conta.
 
Toda a vizinhança de Raquel sofre sem acesso à esgoto e sujeira. "Meus filhos só vivem na UPA [Unidade de Pronto Atendimento] com diarreia, febre, dor de cabeça. Até a água encanada está fedendo", afirma a dona de casa Edjane Lima, 28, que mora no local há sete anos e tem três filhos.
 

Só 30% dos municípios têm planos de saneamento

Um dos pontos considerados cruciais da Lei do Saneamento Básico é a exigência de um plano municipal de saneamento para que as prefeituras passassem a receber recursos federais. 
 
O prazo previsto era o final de 2013 – sete anos a partir da sanção da lei. Por conta das reclamações dos prefeitos, esse prazo foi alargado, inicialmente, até o fim de 2015; no final daquele ano, o governo federal editou nova regra estendendo para o final de 2017.
 
Porém, segundo informações do Ministério das Cidades, em 19 de outubro de 2016, apenas 1.692 municípios brasileiros (30% do total de 5.570) tinham plano de saneamento. Em 2011, o número de municípios com plano era de 608 (11%).  
 
Outros 2.091 municípios estavam em processo de elaboração. As demais cidades não tinham plano ou não deram informações sobre o documento.
 
Os dados apresentam ainda desigualdades regionais marcantes. Sul e Sudeste têm 80% dos municípios com plano já elaborado, com 693 e 662 cidades, respectivamente.
 
Nas demais regiões, os índices ainda são baixos: 184 no Nordeste, 99 no Norte e 54 no Centro Oeste.
 

Ministério busca maior investimento de empresas no setor 

Ao UOL, o Ministério das Cidades informou que nos dez anos da Lei, o ministério concluiu mais de 1.200 empreendimentos de saneamento básico, "que representam um investimento de R$ 20 bilhões em obras como abastecimento de água, drenagem urbana, esgotamento sanitário, etc.".
 
O ministério disse ainda está garantindo o pagamento de obras já contratadas, mesmo com a crise de arrecadação, e aumentando os recursos da Secretaria Nacional de Saneamento. "A Pasta conseguiu a ampliação do valor da Lei Orçamentária Anual (LOA) para R$ 1,23 bilhão. Ou seja, 158% a mais em relação a 2016, que foi de R$ 475 milhões", informa.
 
A pasta ainda busca maior investimento de empresas no setor para melhoria de índices. "Para isso, vale destacar ainda que há necessidade de criar condições para uma maior participação do capital privado nos investimentos, especialmente por meio de parcerias com os agentes financeiros", afirma

Fonte: https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2017/02/12/uma-decada-apos-sancao-de-lei-uma-em-tres-casas-do-pais-ainda-nao-tem-esgoto.htm

Chikungunya provoca doenças vasculares irreversíveis em pacientes, revela pesquisa


As pernas pesadas, o inchaço nos pés e a dificuldade de andar fizeram a dona de casa Vera Lúcia Amaral Marques, de 45 anos, usar sandálias especiais ortopédicas e muleta um ano após ser diagnosticada com o vírus da febre chikungunya no Recife.
Ela integra o grupo de pacientes que participam de uma pesquisa inédita do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que revela lesões vasculares irreversíveis provocadas pela doença.
"Tanto as minhas pernas como os meus pés ficam horríveis de tão inchados. Sinto câimbras antes de dormir e tenho vergonha de usar short ou vestido curto. Pareço mais velha, não vou mais para academia e até os meus sapatos eu tive que deixar de lado porque já não cabem mais", disse a pernambucana à BBC Brasil.
Dos 32 pacientes analisados com os sintomas, 29 voltaram para serem acompanhados pelos especialistas no estudo. Destes, 20 repetiram o exame e foi constatado que 65% mantinham as alterações vasculares crônicas.
"Manifestações vasculares na chikungunya estavam restritas a fases iniciais da doença. Agora, o estudo mostra não só uma nova manifestação como a cronificação dela, já que os sintomas persistiram por mais de três meses", destaca Catarina Almeida, cirurgiã vascular responsável pelo estudo, que defende o tema em sua tese de mestrado.
Os pacientes apresentaram problemas como linfedema agudo (acúmulo de líquido nas pernas devido ao bloqueio do sistema linfático) e edema no dorso do pé.
As alterações linfáticas foram detectadas pelo exame de linfocintigrafia. Ainda é desconhecido o motivo das lesões vasculares crônicas atingirem apenas os membros inferiores.
"Nosso próximo passo, agora, é fazer uma investigação molecular e entender o motivo disso acontecer. Se é resposta imunológica a infecção exacerbada do paciente ou ação direta do vírus", disse Almeida à reportagem.
Os pesquisadores explicam ainda que a morbidade do paciente aumenta com essas lesões e eles ficam mais suscetíveis a terem infecção nos membros inferiores. "Além disso, o linfedema crônico não tem cura - é irreversível."
O levantamento foi feito de março a novembro de 2016. Assim como a dengue e a zika, a chikungunya também é uma doença viral transmitida pelo mosquito Aedes aegypti.

Preocupação

De acordo com o último boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Vigilância em Saúde do governo federal, em 2016 foram registrados 271.824 mil casos de chikungunya no país - um aumento expressivo se comparado a 2015, que teve 36 mil casos.
Segundo o Ministério da Saúde, houve ocorrência de casos em todo o país, mas com maior incidência no Nordeste (235.136 casos) e no Sudeste (24.478).
No Brasil, a transmissão autóctone (contraída na cidade em que se vive) foi confirmada no segundo semestre de 2014, inicialmente nos Estados do Amapá e da Bahia.
A baiana Dannyelle Campelo, 32, toma diversos remédios devido à chikungunya
O número de mortes passou de 14 em 2015 para 196 em 2016. Os Estados que apresentaram o maior número de vítimas são Pernambuco (54), Paraíba (32), Rio Grande do Norte (25), Ceará (21) e Rio de Janeiro (9).
"Surpreendentemente não temos epidemia como era previsto neste verão, mas o aumento de casos e mortes preocupa e, indiscutivelmente, os números são muito maiores do que esses e a tendência é continuar, infelizmente", disse o infectologista Rivaldo Venâncio da Cunha, coordenador de Vigilância em Saúde e Laboratórios de Referência da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).
"Em campo, temos visto muitas lesões vasculares em doentes - mas muitos deles já tinham uma certa idade e uma certa insuficiência vascular", acrescentou.
Em nota, o Ministério da Saúde informou que "o governo federal intensificou a atuação contra o mosquito transmissor da febre de Chikungunya, Dengue e Zica com campanhas publicitárias em TV, rádio, internet e outros meios, distribuição de testes rápidos de Zika, campanhas educativas e mutirões de faxina".

Europa

Um levantamento feito pelo Hospital para Doenças Tropicais de Londres mostra, em um mapa, que pouco mais de 100 países já registraram casos reportados em possível transmissão local. Na América Latina, apenas Chile e Uruguai ficaram de fora do índice de ocorrência.
De acordo com Mike Brown, médico especialista em doenças infecciosas e medicina tropical da instituição, tem havido alta incidência global de chikungunya nos últimos dez anos e os vetores ainda têm potencial para propagação em outras regiões.
"Para a maioria dos pacientes é uma doença viral autolimitada (seus sintomas acabam desaparecendo sozinhos), mas para muitos a artralgia pode ser muito prolongada e debilitante. A mortalidade devido a condição é considerada baixa, mas complicações como encefalite, especialmente em indivíduos imunodeprimidos, pode ocorrer (também)", afirmou à BBC Brasil.
O médico diz que organizações como Geosentinel (rede de vigilância global e tropical de medicina) já registraram casos de pacientes com chikungunya importados para a Europa - na França e Itália - e adquiridos localmente no sul do Mediterrâneo.
"Cerca de dois, três anos atrás, alguns hospitais, como o nosso, passaram a ter atendimento clínico dedicado a pacientes com chikungunya com uma equipe formada por reumatologistas e especialistas em medicina tropical para melhor gerenciar e entender casos relacionados de artralgia e artrite", destacou
Fonte: https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/bbc/2017/02/12/chikungunya-provoca-doencas-vasculares-irreversiveis-em-pacientes-revela-pesquisa.htm

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Cientistas chegam mais perto de uma solução para a fome mundial

Menino come refeição distribuída durante um programa social de alimentação em favela na cidade de Tondo, nas Filipinas
Pesquisadores conseguiram decodificar quase todo o genoma da quinoa, um avanço que deve facilitar o desenvolvimento da cultura deste "grão de ouro", que é visto como uma esperança para alimentar a humanidade, segundo um estudo publicado nesta quarta-feira na revista científica Nature.

O genoma desta planta (Chenopodium quinoa), cultivada pelos incas nos Andes séculos atrás, tem mais de 1,5 bilhão de blocos de DNA.

"A quinoa poderia fornecer uma fonte de alimento saudável e rica em nutrientes" nas regiões áridas e secas do mundo, disse Mark Tester, professor na Universidade King Abdullah de Ciência e Tecnologia, na Arábia Saudita, que liderou a equipe internacional de pesquisadores.
"O conhecimento do seu genoma nos faz dar mais um passo nessa direção", acrescenta.

A quinoa apresenta uma série de benefícios nutricionais. Muitas vezes considerada um cereal, ela pertence, na verdade, à família da beterraba e do espinafre (Chenopodiaceae), e é pobre em gorduras e rica em ferro, ômega-3 e proteínas.

De acordo com especialistas, a quinoa é o único alimento vegetal que tem todos os aminoácidos essenciais; o seu valor nutricional é maior do que o do ovo ou o do leite.

"A quinoa é incrivelmente resistente e pode crescer em solos pobres, salinos e em altas altitudes", observou Tester.

Por outro lado, este vegetal produz naturalmente uma substância amarga, a saponina, de modo que os grãos devem ser lavados abundantemente antes do consumo.

Os pesquisadores identificaram um gene que parece regular a produção de saponina na quinoa.

"Isto poderia facilitar a seleção de plantas sem saponina para dar aos grãos um gosto mais doce", disse Tester.

O Peru e a Bolívia são os principais produtores de quinoa. Nos últimos anos, o grão virou moda entre os fãs de alimentos saudáveis dos países ocidentais.

Fonte:https://noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/afp/2017/02/09/cientistas-decodificam-genoma-da-quinoa-esperanca-contra-fome-mundial.htm

Cientistas agora sabem como parar um asteroide que venha para Terra


Fazer uso de um projétil para desviar a órbita de um asteroide e evitar um confronto com a Terra seria factível dependendo de sua composição, densidade e estrutura interna, como mostra um estudo do IEE-CSIC (Instituto de Estudos do Espaço).

A pesquisa, publicada pela revista The Astrophysical Journal, fornece informações sobre os efeitos que teria o impacto de um projétil sobre um asteroide.

O estudo, que tem como objetivo investigar como seria possível desviar um asteroide para que não chegue a se chocar contra a Terra, se centrou no asteroide Chelyabinsk, que explodiu em 2013 sobre céu russo após atravessar a atmosfera.


Os pesquisadores do IEE-CSIC realizaram as medições das propriedades mecânicas do asteroide no laboratório de nanoindentação dirigido pelo pesquisador Jordi Sort da Universidade Autônoma de Barcelona.

Os pesquisadores explicaram que a probabilidade de um asteroide de tamanho quilométrico ter consequências devastadoras após se chocar com a Terra é estatisticamente pequena, já que é mais frequente que objetos de poucas dezenas de metros, que são descobertos continuamente, alcancem a atmosfera terrestre.

Segundo os resultados deste estudo, a composição, a estrutura interna, a densidade e outras propriedades físicas do asteroide são fundamentais para determinar o êxito de uma missão na qual seria lançado um projétil cinético para desviar a órbita de um asteroide perigoso.

Em 15 de fevereiro de 2013, um asteroide de aproximadamente 18 metros de diâmetro explodiu sobre a cidade russa de Chelyabinsk, criando milhares de meteoritos que caíram na Terra.

A fragmentação deste objeto na atmosfera mostrou que a Terra atua como um eficiente escudo, embora mais de mil meteoritos com uma massa total superior a uma tonelada tenham atingido o solo.

Apesar de ser um asteroide pequeno, a onda de choque ocorrida ao penetrar na atmosfera em velocidade hipersônica deixou centenas de feridos e grandes danos materiais.

O novo estudo obteve de maneira rigorosa e sistemática as propriedades dos materiais que formam o asteroide; em particular, a dureza, a elasticidade e a resistência à fratura, que são determinantes para que o impacto de um projétil consiga desviar a órbita deste objeto, informou a UAB.

O meteorito Chelyabinsk é de uma classe conhecida como condrito ordinário.

Os pesquisadores do Instituto de Estudos do Espaço o escolheram porque pode ser considerado representativo dos materiais formativos da maioria de asteroides potencialmente perigosos para a Terra.

Segundo os pesquisadores, estes asteroides sofreram grande quantidade de colisões antes de alcançar a Terra e, por isso, os minerais que os compõem aparecem misturados e aumentam sua consistência.

Para fazer seus experimentos, os astrofísicos do IEE utilizaram um instrumento conhecido como nanoindentador, que tem um pequeno pistom acabado em uma cabeça de diamante que realiza uma pressão pré-definida e gera pequenos encaixes no material, ao mesmo tempo que mede tanto a profundidade atingida como a recuperação plástica do material.

Assim, faz ser possível determinar parâmetros fundamentais como a resistência à fratura, a dureza, a recuperação elástica e o módulo de Young.

No estudo também participaram vários especialistas europeus envolvidos na missão Asteroid Impact Mission, da Agência Espacial Europeia.

Fonte:https://noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/efe/2017/02/05/desviar-asteroide-com-um-projetil-seria-factivel-aponta-estudo.htm

População imune a vírus Zika após 1º surto é menor do que se imaginava, diz estudo

Um ano após ter sido considerado emergência global pela Organização Mundial de Saúde (OMS), em meio a um surto no Nordeste brasileiro, o vírus Zika volta a ser uma preocupação para pesquisadores.
A doença causada pelo vírus, a zika, raramente leva à morte, mas, em mulheres grávidas, pode causar malformações no feto - e foi ligada ao nascimento de milhares de bebês com microcefalia desde o segundo semestre de 2015, principalmente na região Nordeste.
Novas descobertas sobre o comportamento do vírus, divulgadas na revista do Centro de Controle e Prevenção de Doenças americano (CDC), indicam que o Nordeste poderia ter um novo surto de grandes proporções ainda este ano.
"Havia uma percepção de que a maioria da população estaria imune ao vírus após o primeiro surto, mas agora isso caiu por terra. Devemos acender o alerta", disse à BBC Brasil Carlos Brito, membro do Comitê Técnico de Arboviroses do Ministério da Saúde.
Até agora, os pesquisadores consideravam que, ao entrar em contato com uma população ainda não exposta a ele, o vírus Zika tinha a capacidade de atacar cerca de 80% das pessoas - o que significaria, em teoria, que a maior parte da população estaria imunizada contra um segundo ataque.
A estimativa, feita pela OMS e utilizada pelo Ministério da Saúde, se baseava em um estudo sobre o surto de zika nas ilhas Yap, na Micronésia que, segundo Brito, não parecia correto.
"Aquele estudo tinha muitas lacunas de metodologia e de amostra. Com base na nossa observação cotidiana dos casos já percebíamos que aqueles dados não eram coerentes."
Uma revisão dos dados da epidemia na Polinésia Francesa feita por cientistas franceses e polinésios mostra que, na verdade, o vírus ataca cerca de 49% de uma população no primeiro contato.
"Esse resultado significa que metade da população entrou em contato com o vírus e a outra metade ainda está exposta. O medo agora é que em 2017 ou 2018 possamos ter um retorno da doença para esses 50% que ainda não foram atingidos", explica Brito.
"E ainda não temos evidências concretas de que as pessoas que já foram infectadas ficam realmente imunes. É o que geralmente acontece com as arboviroses (doenças transmitidas por mosquitos), mas ainda não há certeza no caso do Zika."

Sem sintomas?

Outra estimativa inicial da OMS, também baseada nas estatísticas da Micronésia e agora questionada pelos novos dados, é a de que 80% das pessoas que contraem a doença não apresentam sintomas.
"Neste novo estudo sobre a Polinésia, eles já dizem que só 56% das pessoas que tiveram a doença não apresentavam sintomas. Ainda não temos um novo percentual definitivo, eu vejo um percentual até menor na clínica, mas já sabemos que é bem menos que 80%", afirma Brito.
"Nós analisamos 87 gestantes que tiveram Zika e 70% delas tinham sintomas, especialmente o rash (vermelhidão e coceira no corpo). No surto aqui, as emergências ficavam lotadas com pacientes com o mesmo sintoma."
Se o Nordeste, que já foi atingido fortemente pelo vírus, não está imune, outros Estados brasileiros têm ainda mais razões para se preocupar, segundo o pesquisador.
"Nem sempre se tem um surto grande em todo o país quando um vírus entra. Os surtos ocorrem com intensidades diferentes em locais diferentes. A dengue está no Brasil há 30 anos e só agora consideramos que São Paulo teve um surto expressivo, por exemplo", diz.
O Brasil ainda não tem, segundo ele, estimativas da soroprevalência do vírus em cada Estado. Por isso, ainda não é possível saber quantas pessoas foram infectadas no primeiro surto em cada local.
"É um grande erro achar que o Zika e a microcefalia foram um problema só de Pernambuco. Ou só do Nordeste."

'Para ficar'

No segundo semestre de 2015, quando médicos registraram um aumento incomum no número de bebês nascendo com microcefalia em Pernambuco, Carlos Brito foi o primeiro especialista a levantar uma possível conexão entre as malformações e o vírus Zika.
Começavam a aparecer as consequências mais graves do surto da doença, que tinha atingido pela primeira vez o Estado, e que teve um pico entre março e abril daquele ano.
Com o aumento de casos de microcefalia - uma malformação no cérebro - e de outras complicações causadas pelo Zika, que também chegava a outros países das Américas, a OMS declarou, em 1º de fevereiro de 2016, que o vírus era uma "emergência global".
Nos meses seguintes, o vírus chegou a 75 países e passou a circular em todos os Estados brasileiros.
Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil teve 214 mil casos prováveis de Zika desde fevereiro de 2016, quando a notificação dos casos tornou-se obrigatória, até 17 de dezembro. Cerca de 11 mil infecções em gestantes foram comprovadas.
Em novembro do ano passado, o status emergencial foi retirado pela OMS, mas em entrevista coletiva, o diretor-executivo do Programa de Emergências de Saúde do órgão, Pete Salama, disse que o vírus "veio para ficar".
No Nordeste, especialmente em Pernambuco, o surto de Zika foi seguido pelo forte ataque do vírus da febre chikungunya, também transmitido pelo mosquito Aedes aegypti.
Os vírus da dengue, da chikungunya e da zika competem entre si dentro do mosquito, de acordo com Carlos Brito. Isso explica por que os surtos não ocorrem ao mesmo tempo e também indica que um retorno do Zika pode estar próximo.
"Os Estados do Nordeste que tiveram agora surtos de chikungunya tendem a ser atacados por outro arbovírus em seguida. Geralmente é assim que ocorre. E o número de casos de dengue aqui tem sido baixo, porque o vírus já circula há 30 anos. Por isso, o Zika é novamente o principal candidato."
"Imaginamos que, com os três vírus circulando, uma nova epidemia de Zika não seria tão grande quanto em 2015, mas ainda não podemos afastar essa possibilidade. A população não está protegida dos casos de microcefalia e de complicações neurológicas", afirma.

Sudeste

Pelo mesmo motivo, a região Sudeste, especialmente São Paulo, também pode estar mais vulnerável aos vírus da zika e da chikungunya, diz ele.
"Baixamos um pouco a guarda na vigilância e o mosquito está disseminado. Tanto é que batemos recordes de casos de dengue em 2015 e em 2016. Em São Paulo tivemos o primeiro surto expressivo de dengue em 30 anos. Este ano, zika ou chikungunya são candidatos fortes."
De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil teve quase 1,5 milhão de casos de dengue de janeiro a 24 de dezembro de 2016 - o surto foi maior na região Sudeste.
No início de janeiro, o Ministério da Saúde afirmou ter repassado R$ 178 milhões a Estados e municípios para ações de vigilância e combate ao Aedes aegypti.
A pasta também anunciou que será obrigatório para todos os municípios de mais de 2 mil habitantes realizar o Levantamento Rápido do Índice de Infestação para Aedes aegypti (LIRAa), que identifica os locais onde há focos do mosquito. Até então, os municípios podiam escolher se aderiam ou não ao levantamento.
Fonte:https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/bbc/2017/02/01/populacao-imune-a-virus-zika-apos-1-surto-e-menor-do-que-se-imaginava-diz-estudo.htm

domingo, 5 de fevereiro de 2017

Desviar asteroide com um projétil seria factível, aponta estudo

Barcelona, 5 fev (EFE).- Fazer uso de um projétil para desviar a órbita de um asteroide e evitar um confronto com a Terra seria factível dependendo de sua composição, densidade e estrutura interna, como mostra um estudo do Instituto de Estudos do Espaço (IEE-CSIC).

A pesquisa, publicada pela revista "The Astrophysical Journal", fornece informações sobre os efeitos que teria o impacto de um projétil sobre um asteroide.

O estudo, que tem como objetivo investigar como seria possível desviar um asteroide para que não chegue a se chocar contra a Terra, se centrou no asteroide Chelyabinsk, que explodiu em 2013 sobre céu russo após atravessar a atmosfera.

Os pesquisadores do IEE-CSIC realizaram as medições das propriedades mecânicas do asteroide no laboratório de nanoindentação dirigido pelo pesquisador Jordi Sort da Universidade Autônoma de Barcelona.

Os pesquisadores explicaram que a probabilidade de um asteroide de tamanho quilométrico ter consequências devastadoras após se chocar com a Terra é estatisticamente pequena, já que é mais frequente que objetos de poucas dezenas de metros, que são descobertos continuamente, alcancem a atmosfera terrestre.

Segundo os resultados deste estudo, a composição, a estrutura interna, a densidade e outras propriedades físicas do asteroide são fundamentais para determinar o êxito de uma missão na qual seria lançado um projétil cinético para desviar a órbita de um asteroide perigoso.

Em 15 de fevereiro de 2013, um asteroide de aproximadamente 18 metros de diâmetro explodiu sobre a cidade russa de Chelyabinsk, criando milhares de meteoritos que caíram na Terra.

A fragmentação deste objeto na atmosfera mostrou que a Terra atua como um eficiente escudo, embora mais de mil meteoritos com uma massa total superior a uma tonelada tenham atingido o solo.

Apesar de ser um asteroide pequeno, a onda de choque ocorrida ao penetrar na atmosfera em velocidade hipersônica deixou centenas de feridos e grandes danos materiais.

O novo estudo obteve de maneira rigorosa e sistemática as propriedades dos materiais que formam o asteroide; em particular, a dureza, a elasticidade e a resistência à fratura, que são determinantes para que o impacto de um projétil consiga desviar a órbita deste objeto, informou a UAB.

O meteorito Chelyabinsk é de uma classe conhecida como condrito ordinário.

Os pesquisadores do Instituto de Estudos do Espaço o escolheram porque pode ser considerado representativo dos materiais formativos da maioria de asteroides potencialmente perigosos para a Terra.

Segundo os pesquisadores, estes asteroides sofreram grande quantidade de colisões antes de alcançar a Terra e, por isso, os minerais que os compõem aparecem misturados e aumentam sua consistência.

Para fazer seus experimentos, os astrofísicos do IEE utilizaram um instrumento conhecido como nanoindentador, que tem um pequeno pistom acabado em uma cabeça de diamante que realiza uma pressão pré-definida e gera pequenos encaixes no material, ao mesmo tempo que mede tanto a profundidade atingida como a recuperação plástica do material.

Assim, faz ser possível determinar parâmetros fundamentais como a resistência à fratura, a dureza, a recuperação elástica e o módulo de Young.

No estudo também participaram vários especialistas europeus envolvidos na missão Asteroid Impact Mission, da Agência Espacial Europeia. 

Fonte:https://noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/efe/2017/02/05/desviar-asteroide-com-um-projetil-seria-factivel-aponta-estudo.htm

Asteroide de grandes dimensões passa perto da Terra neste domingo


O Observatório Nacional informou que um asteroide de grandes dimensões passa perto da Terra neste domingo (5), mas que não há risco de colisão. O objeto, identificado como 2013FK, tem 94 metros de diâmetro e passará a uma distância, segura, de 2,7 milhões de quilômetros do planeta. Para se ter uma ideia, a Lua está a 384 mil km de distância e a Estação Espacial Internacional, a 400 km.
De acordo com o Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações  e Comunicações, o monitoramento espacial é feito pelo Observatório Nacional por meio do projeto Impacton (Iniciativa de Mapeamento e Pesquisa de Asteroides nas Cercanias da Terra). No Brasil, ele é feito por um telescópio, com espelho de 1,5 metro, instalado no interior do Estado de Pernambuco.
No Observatório do Sertão de Itaparica, em Itacuruba (PE), são estudadas as propriedades físicas desses objetos.
O asteroide deste domingo não será o único a passar perto da Terra neste domingo. Pelo menos outros três também passarão perto de nosso planeta neste 5 de fevereiro. Dois deles mais perto do que o 2013FK, mas menores do que ele.

Mais asteroides durante o ano

Em 2017 são previstas mais de 65 aproximações com asteroides -- nenhuma oferece riscos à Terra.
No dia 12 de outubro, outro objeto, menor - com 19 metros de diâmetro - chegará ainda mais perto: 38.400 quilômetros da superfície do planeta. O valor equivale a um décimo da distância entre o nosso planeta e a Lua. Mesmo assim, não há risco de colisão.
Antes deste, em 23 de setembro, outro objeto, de 11 metros de diâmetro, se deslocará próximo à Terra, a uma distância de cerca de 153 mil quilômetros. Até o momento, são os dois únicos identificados que estarão numa distância inferior a entre a Terra e a Lua.
Com o equipamento, os pesquisadores conseguem estudar as propriedades físicas dos asteroides. "A depender do seu brilho, tamanho e distância, um objeto pode ser visto da Terra até mesmo com o uso de binóculos", diz nota do ministério. (Com Agências)
Fonte: https://noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/redacao/2017/02/05/asteroide-de-grandes-dimensoes-passa-perto-da-terra-neste-domingo.htm

Por que é tão difícil definir o que é vida e o que são seres 'vivos'?

A maioria das pessoas provavelmente não precisa pensar muito para distinguir seres vivos dos "não-vivos". Em tese, é fácil: um humano está vivo, uma rocha, não. A tarefa pode parecer simples, mas é bem mais complexa para cientistas e filósofos, que há milênios ponderam sobre o que faz uma coisa "estar viva".
Grandes intelectuais, como o grego Aristóteles e o cosmólogo americano Carl Sagan, debruçaram-se sobre esse problema, em milênios diferentes, e até hoje não há uma definição que agrade a todos.
Literalmente falando, ainda não temos um significado para vida, e a definição ficou ainda mais difícil nos últimos cem anos. Até o século 19, prevalecia a noção de que a vida era especial graças à presença de uma alma intangível, ou uma "fagulha vital".
Essa definição deu lugar a abordagens mais científicas. A NASA, a agência espacial dos Estados Unidos, por exemplo, define vida como "um sistema químico autossustentável capaz de evolução Darwiniana".
Essa é apenas uma de pelo menos cem definições já propostas para tentar se chegar a um conceito simples que englobe todas as formas de vida. Todas as sugestões focam em algumas atribuições comuns como replicação e metabolismo.
A falta de consenso para se chegar a uma definição reflete a divergência de ideias entre cientistas sobre o que é necessário para se estabelecer que algo "está vivo". Enquanto um químico poderia dizer que a vida se resume a algumas moléculas, um físico talvez considerasse importante incluir na discussão a questão da termodinâmica.
Para se ter uma ideia de por que é tão difícil definir vida, apresentamos um resumo sobre o que pensam alguns dos cientistas que hoje trabalham nessa fronteira que separa coisas "vivas" do restante - e que tenta chegar a um conceito e a um consenso sobre o termo.

Vírus

Nas aulas de biologia, crianças memorizam sete processos necessários para que haja vida: movimento, respiração, sensibilidade, crescimento, reprodução, excreção e nutrição. Mas os processos estão presentes em muitas coisas que nós não classificaríamos como "vivas".
Segundo essa definição, por exemplo, alguns cristais, proteínas infecciosas chamadas de príons e até certos programas de computador estariam "vivos". Nesse sentido, os vírus são um exemplo clássico da dificuldade de estabelecer algo como "vivo" ou "não vivo".
"Eles não são células, não têm metabolismo e são inertes desde que não encontrem uma célula", diz Patrick Forterre, microbiologista do Instituto Pasteur, em Paris, na França.
Muitos cientistas chegaram à conclusão de que os vírus não são vivos. Forterre pensa diferente, mas o cientista relativiza e admite que tudo depende de onde você decide colocar o ponto de corte.
Faltam aos vírus quase todos os atributos que os qualificariam como seres vivos. No entanto, eles possuem informações codificadas em DNA ou RNA (Ácido Desoxirribonucleico e Ácido Ribonucleico).
O DNA é o material genético de todos os organismos celulares e de grande parte dos vírus. O RNA é o material genético de alguns tipos de vírus e, nos organismos celulares, a molécula que dirige as fases da síntese de proteínas. Juntos, DNA e RNA transportam a informação necessária para dirigir a síntese de proteínas e sua replicação.
Essas estruturas, compartilhadas por todas as criaturas vivas do planeta, permitem que os vírus evoluam e se repliquem --mesmo que, para isso, precisem "sequestrar" a maquinaria de células vivas.
O fato de que os vírus, assim como todas as formas de vida conhecidas, carregam DNA ou RNA, levou alguns cientistas a incluí-los na categoria dos "vivos". Outros sugerem até que os vírus podem trazer pistas que nos ajudariam a compreender como a vida começou.
Nesse caso, a definição de vida deixa de ser um conceito em branco e preto e ganha formas e contornos mais nebulosos. Adotando essa linha de pensamento, alguns cientistas caracterizam os vírus como coisas que existem na "fronteira entre a química e a vida".

Replicação Imperfeita

Os polímeros também poderiam ajudar a identificar se algo é vivo ou não. Eles são materiais que apresentam ligações em cadeia entre átomos de carbono com outros elementos químicos.
A partir desses polímeros --ácidos nucleicos que constituem o DNA, proteínas e polissacarídeos-- é construída praticamente toda a vida, em sua diversidade. "A vida como a conhecemos se baseia em polímeros à base de carbono", disse Jeffrey Bada, do Instituto Scripps de Oceanografia em San Diego, na Califórnia, Estados Unidos.
Bada foi aluno do bioquímico Stanley Miller, um dos cientistas responsáveis pela Experiência Miller-Urrey, que, na década de 50, foi um dos primeiros a explorar a ideia de que a vida surgiria de substâncias químicas não vivas e que é clássica sobre a origem da vida.
Bada recorre ao experimento para demonstrar que, ao simular as condições atmosféricas dos primórdios da formação da Terra, vários compostos orgânicos eram formados espontaneamente.
Mais tarde, ele ainda refez o experimento, provando que uma variedade ainda maior de moléculas biologicamente relevantes é formada quando se lança eletricidade sobre uma mistura de substâncias químicas que, acredita-se, estavam presentes nas origens da Terra.
Mas essas substâncias químicas não estão vivas. Então, o que é necessário para que elas ganhem vida?
A resposta de Bada é surpreendente: "replicação imperfeita de moléculas informacionais teria marcado a origem da vida e da evolução, e assim, a transição da química não viva para a bioquímica".
O início da replicação, e mais especificamente, a replicação com alguns erros, leva à criação de "filhotes" com níveis diferentes de habilidade. Esses filhotes moleculares podem então competir uns com os outros pela sobrevivência. "Isso é, basicamente, a evolução Darwiniana em escala molecular", disse Bada.

Vida Desconhecida

Será que nós perceberíamos a presença de vida em Marte? Tentar adivinhar como seria a vida alienígena é ainda mais complicado. Pesquisadores como Charles Cockell e outros do Centro Britânico de Astrobiologia da Universidade de Edimburgo, na Escócia, usam microrganismos capazes de sobreviver em ambientes extremos como modelos para a vida extraterrestre.
A argumentação é de que a vida em outros planetas pode existir em condições bastante diferentes, mas provavelmente mantenha muitas das características da vida que nós reconheceríamos na Terra. "[Mas] temos de manter a mente aberta para a possibilidade de encontrarmos algo que não se enquadre nessa definição", disse Cockell.
Historicamente, a tentativa de usar apenas nosso conhecimento sobre a vida terrestre para identificar vida alienígena trouxe resultados confusos. A Nasa, por exemplo, achava que tinha uma boa definição para vida quando, em 1976, a nave espacial Vicking 1 conseguiu pousar em Marte, equipada com três equipamentos para "testar a vida".
Um teste em particular pareceu indicar que havia vida em Marte: os índices de dióxido de carbono no solo do planeta eram altos, um indício de que havia micróbios vivendo e respirando na superfície do Planeta Vermelho.
Na verdade, porém, os índices de dióxido de carbono observados pelos pesquisadores são, hoje, quase universalmente atribuídos a um fenômeno bem menos interessante: as oxidações não-biológicas.
Os astrobiólogos estão usando essas experiências como aprendizado e apurando os critérios que usam para procurar por alienígenas --uma busca que ainda não obteve êxito e que sugere que os astrobiólogos não devam estreitar demais esses mesmos critérios.
Para Sagan, a visão "carbonocêntrica" da vida alienígena --que ele chamava de "chovinismo do carbono" pode atrapalhar a busca por extraterrestres.
"Algumas pessoas sugerem, por exemplo, que talvez os alienígenas sejam feitos à base de outros solventes [e não de água]", disse Cockell. "Já houve até discussões sobre a possibilidade de que existam organismos extraterrestres inteligentes nas nuvens."
Em 2010, a descoberta de bactérias com DNA contendo arsênico em vez de fósforo (como é padrão) deixou muitos astrobiólogos animados. De lá para cá, embora a descoberta tenha sido questionada, muitos pesquisadores continuam esperançosos de encontrar provas da existência de formas de vida que fujam das regras convencionais.
E em meio a essa discussão, há ainda cientistas trabalhando em formas de vida que não são baseadas em química.

Vida Artificial

A criação de vida artificial - restrita, no passado, ao plano da ficção científica - é hoje um campo bastante estabelecido da Ciência.
Essa área pode envolver, por exemplo, biólogos criando novos organismos em laboratório ao "juntar" partes de duas ou mais formas de vida já existentes ou conceitos ainda mais abstratos de "vida artificial".
Desde a década de 1990, quando o programa de computador Tierra, criado por Thomas Ray, pareceu demonstrar a síntese e a evolução de "formas de vida" digitais, pesquisadores vêm tentando criar programas de computador que realmente simulem a vida - algumas equipes trabalham até na criação de robôs com características similares às da vida convencional.
"A ideia é tentar compreender as propriedades essenciais de todos os sistemas vivos, não apenas os sistemas vivos que por acaso estão presentes na Terra. Temos uma visão mais ampla do que é vida, que ultrapassa aquelas formas que estamos familiarizados", disse o especialista em vida artificial Mark Bedau, do Reed College, em Portland, no estado de Oregon, Estados Unidos.
Ainda assim, muitos pesquisadores trabalhando com vida artificial usam o que sabemos sobre a vida na Terra como base para seus estudos. Bedau disse que os pesquisadores usam o que ele chama de "modelo PMC" (sigla para program, metabolism and container, ou "programa, metabolismo e recipiente", em português). Nesse modelo, por exemplo, o DNA poderia ser um programa e o recipiente, a parede de uma célula.
"É importante notar que isso não é uma definição de vida, apenas uma definição de vida química mínima", acrescentou.
Para os especialistas que pesquisam formas "não químicas" de vida, a tarefa é criar versões desses componentes PMC na forma de programas de computador. "Não acho que haja uma definição exata (de vida), mas precisamos continuar buscando uma", disse Steen Rasmussen, que trabalha na criação de vida artificial na Universidade Southern Denmark, em Odense, na Dinamarca.
Grupos de cientistas em todo o mundo vêm trabalhando em componentes individuais do modelo PMC, criando sistemas que demonstram um ou outro aspecto dele. 
Até agora, no entanto, ninguém conseguiu unir todas as partes para formar um tipo de vida sintética que funcione. "É um processo de baixo para cima, construindo (a vida sintética) pedaço por pedaço", explicou.
Talvez as pesquisas nesse campo possam funcionar em uma escala mais ampla, criando formas de vida completamente estranhas às nossas expectativas ou poderiam ainda ajudar a redefinir nosso entendimento sobre o que é vida. Mas, segundo Bedau, os cientistas ainda não chegaram a esse ponto.
"Eles não têm de se preocupar em definir todas as formas de vida, talvez conversem sobre isso quando tomam uma cerveja, mas não precisam incluir (o conceito) em seu trabalho."
Portanto, se até entre os que pesquisam --e constroem-- novas formas de vida não há preocupação em encontrar uma definição universal única, será que os cientistas deveriam deixar a questão de lado por um tempo?
Para a filósofa Carol Cleland, da Universidade Colorado Boulder, no Colorado, nos Estados Unidos, a resposta é sim. Pelo menos por enquanto.
"Se você está tentando fazer uma generalização sobre mamíferos usando uma zebra, que característica você vai escolher?", perguntou Cleland. "Com certeza não serão as glândulas mamárias, porque somente a metade delas tem mamas. As listras parecem ser a escolha óbvia, mas são apenas um acidente, e não o que caracteriza as zebras como mamíferos", disse.
E é a mesma coisa com a vida. Talvez as coisas que pensamos ser essenciais sejam apenas peculiares à vida na Terra. Afinal, tudo --de bactérias a leões-- é derivado de um único ancestral comum, o que significa que no nosso mapa da vida no Universo temos apenas uma única informação.
"O homem tende a fazer definições em termos do que é familiar. Mas a verdade fundamental pode não ser familiar", disse Sagan.

Vida Estranha

Até que tenhamos descoberto e estudado formas alternativas de vida, não poderemos saber se as características que julgamos ser essenciais à vida são mesmo universais.
Criar vida artificial talvez seja uma maneira de explorarmos formas alternativas de vida, mas, pelo menos no curto prazo, a tendência é embutirmos nossas preconcepções sobre sistemas vivos nas vidas que imaginamos dentro do computador.
Para definirmos a vida direito, talvez precisemos encontrar alguns alienígenas. A ironia é que tentativas de chegar a uma definição de vida antes da descoberta desses alienígenas podem tornar a busca por eles ainda mais difícil.
Já pensou que tragédia seria se, em 2020, o novo Mars Rover (veículo não-tripulado que a Nasa pretende colocar no solo de Marte) passasse sem notar por um marciano, simplesmente por não ter sido capaz de perceber que ele era um ser vivo.
"A definição pode, na verdade, atrapalhar a busca por nova vida", diz Cleland. "Nós precisamos nos afastar do nosso conceito atual, para que possamos estar abertos e prontos a descobrir a vida como ainda não conhecemos."
Fonte:  https://noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/bbc/2017/02/05/por-que-e-tao-dificil-definir-o-que-e-vida-e-o-que-sao-seres-vivos.htm#fotoNav=6