terça-feira, 28 de outubro de 2014

Cerca de metade das espécies do planeta podem ser extintas até 2100.

Estamos avançando pela era geológica Antropoceno, na qual deverá ocorrer a sexta extinção em massa na história do planeta. Um estudo recente publicado no periódico "Science" concluiu que as espécies existentes no mundo hoje estão desaparecendo em uma velocidade mil vezes maior que o ritmo natural de extinção.
Segundo pesquisadores, em 2100, entre um terço e metade de todas as espécies da Terra poderá ser extinto. Em consequência disso, está havendo um aumento nos esforços para proteger espécies, e governos, cientistas e organizações sem fins lucrativos tentam construir uma versão moderna da Arca de Noé.
A nova arca certamente não terá a forma de um grande barco, e sim de uma série de medidas, incluindo migração assistida, bancos de sementes, novas reservas ecológicas e corredores de deslocamento baseados nos possíveis lugares para onde as espécies irão migrar.
As questões envolvidas são complexas. Que espécies deverão ser salvas? Aquelas mais ameaçadas de extinção ou as que têm maior chance de sobreviver? Animais carismáticos, como leões, ursos e elefantes, ou os mais úteis para nós?
Formada em 2012 pelos governos de 121 países, a Plataforma Intergovernamental de Serviços de Biodiversidade e Ecossistemas é uma iniciativa que visa proteger e restaurar espécies em áreas selvagens e resgatar outras, a exemplo das abelhas, que desempenham funções vitais para os ecossistemas habitados por humanos. Cerca de três quartos da produção mundial de alimentos dependem basicamente das abelhas.
Jason Holley
Ilustração de uma "Arca de Noé" para o Antropoceno, período em que a sexta extinção em massa do planeta pode ocorrer
Ilustração de uma "Arca de Noé" para o Antropoceno, período em que a sexta extinção em massa do planeta pode ocorrer
"Ainda sabemos muito pouco sobre o que poderá ou deverá ser incluído na arca e onde", afirmou Walter Jetz, ecologista da universidade Yale que está envolvido no projeto.
Embora a abordagem tradicional para proteger espécies seja adquirir terras, a preservação do habitat correto pode ser uma medida desejável, pois não se sabe como as espécies reagirão a um clima diferente.
Uma iniciativa com financiamento coletivo chamada Centro de Informações sobre Biodiversidade Global identifica e faz a curadoria de dados sobre biodiversidade -como fotos de espécies feitas com smartphones- para mostrar sua distribuição e depois disponibiliza as informações na internet.
Isso é muito útil para pesquisadores em países em desenvolvimento que dispõem de orçamentos limitados.
Por sua vez, o projeto Lifemapper, do Instituto de Biodiversidade da Universidade do Kansas, usa os dados para entender para onde uma espécie poderá se mudar se seu habitat for alterado.
"Sabemos que as espécies não resistem muito tempo em áreas fragmentadas, então tentamos reagrupar esses fragmentos", explicou Stuart L. Pimm, diretor da organização sem fins lucrativos SavingSpecies.
Um dos projetos dessa organização nos Andes colombianos identificou uma floresta na qual há um mamífero carnívoro chamado olinguito, que tem traços de gato doméstico e ursinho de pelúcia, até então desconhecido pela ciência.
Usando dados de diversas fontes, "trabalhamos com grupos conservacionistas locais e os ajudamos a comprar terras, a reflorestá-las e a reagrupar seus pedaços", disse o doutor Pimm.
Biólogos na Flórida, onde o nível do mar está subindo assustadoramente, estão desenvolvendo um plano para montar uma reserva no interior para diversos animais, desde o passarinho da espécie Ammodramus maritimus macgillivraii ao pequeno veado-de-cauda-branca.
Para impedir a chamada "pressão costeira", está prevista uma rede de "corredores verdes migratórios" para que as espécies se mudem por conta própria para o novo habitat.
"Algumas, porém, estão basicamente sem saída", comentou Reed F. Noss, professor na Universidade Central da Flórida que está envolvido nesse projeto, e provavelmente terão de ser conduzidas para o novo hábitat.
Pesquisadores também estão focados em "refúgios", regiões pelo mundo que se mantiveram estáveis em mudanças climáticas anteriores e podem ser a melhor aposta para a sobrevivência nesta nova era geológica.
Um refúgio de 100 hectares no rio Little Cahaba, no Alabama, tem sido apontado como um mundo botânico perdido devido à sua ampla variedade de plantas, incluindo oito espécies só encontradas nesse lugar.
O doutor Noss disse que é preciso descobrir e proteger áreas com essas características. O Banco Mundial de Sementes de Svalbard, sob o permafrost em uma ilha no oceano Ártico ao largo da Noruega, preserva sementes de culturas agrícolas destinadas à alimentação.
Zoológicos congelados guardam o material genético de animais extintos ou ameaçados de extinção. A bióloga e conservacionista Connie Barlow está trabalhando na região oeste dos Estados Unidos.
"Ajudei na migração do junípero-jacaré do Novo México plantando sementes dele no Colorado", disse ela. "É preciso fazer isso, pois a mudança climática está muito acelerada e as árvores não conseguem se deslocar."

Fonte: www.folha.com.br

domingo, 19 de outubro de 2014

Órgãos em 3D e próteses mostram evolução de tratamentos com célula-tronco

Órgãos em 3D, próteses sob medida e casos de pacientes tetraplégicos que recuperaram a mobilidade foram alguns dos avanços debatidos durante o quarto Congresso Internacional sobre tratamentos inovadores com células-tronco, que termina nesta segunda-feira em Buenos Aires.

"Há apenas dois anos os modelos de órgãos 3D eram um projeto distante, e hoje quase chegamos a fabricar próteses sob medida", afirmou à Agência Efe Gustavo Moviglia, diretor do Centro de Pesquisa em Engenharia de Tecidos e Tratamentos Celulares, da Universidade Maimônides de Buenos Aires.

O pesquisador argentino apresentou os resultados de um teste clínico que dirigiu durante 12 anos no qual pacientes tetraplégicos e paraplégicos recuperaram a mobilidade dos membros.
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Pesquisadores desenvolvem órgãos biônicos para transplantes humanos19 fotos

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A empresa francesa Carmata apresentou em julho de 2013 um coração artificial com tecido bovino que será testado em breve por pacientes com problemas cardíacos. O material orgânico (formas elípticas marrons, na ilustração à direita) substitui o plástico nas superfícies irrigadas pelo sangue, diminuindo os problemas de coagulação após o transplante, segundo o fabricante. O órgão biônico é regulado por sensores, softwares e microeletrônicos e funciona com duas baterias externas de íons de lítio Carmat
"Chegamos a uma técnica muito clara e concreta, com células obtidas a partir da gordura dos próprios pacientes, que precisava ser testada em um caso clínico perfeito, ou seja, com os piores pacientes que poderia haver, aqueles crônicos com uma lesão congênita", explicou o pesquisador.

Os oito pacientes que fizeram parte do ensaio de Moviglia, três tetraplégicos e cinco paraplégicos com entre três e 12 anos pós-acidente, recuperaram total ou parcialmente a mobilidade dos membros e não foram registrados efeitos secundários adversos graves, expôs o médico.

"Um dos pacientes que pintava com a boca agora pode fazê-lo com a mão, por exemplo", contou médico argentino.

"Estas lesões afetam 300 mil pessoas só nos Estados Unidos e entre 30 mil e 60 mil na Argentina, e os resultados alcançados abrem um novo panorama tanto para os pacientes, como para os tratamentos com células-tronco", acrescentou.

Uma das maiores questões levantadas por Moviglia para a ampliação do uso de células-tronco é a regulação internacional, porque cada país tem autonomia para determinar o destino dessas células e o tipo de informação dado à sociedade a respeito.

"Já há várias sociedades internacionais que acreditam que o que fazemos segue critérios científicos, isso também vai permitir informar melhor a sociedade", afirmou o pesquisador argentino.

"Às vezes o que chega para as pessoas é que implantar uma célula-tronco é como dar uma aspirina e é exatamente o oposto disso; não é uma droga que tem uma ação química pontual, mas um organismo vivo que, quando colocado dentro do corpo começa a interagir e canalizamos essa ação para que solucione problemas de saúde".

O especialista argentino afirmou que, apesar dos avanços na área de tratamento celular serem rápidos e terem se potencializado nos últimos anos, isto só acontece hoje em consequência de estudos anteriores "lentos e trabalhosos", alguns sedimentados há meio século.

Moviglia ressaltou que o design de órgãos evolui mais nas especialidades de cardiologia, plástica e urologia. Ele acredita que ainda há muito para avançar nas áreas neurológica, cardiológica e traumatológica e confia que o próximo congresso traz evoluções significativas que superarão as atuais expectativas.

Fonte: www.uol.com.br

Ilhas de plástico matam 1,5 milhão de animais por ano

Cerca de 1,5 milhão de aves, peixes, baleias e tartarugas morrem ao ano por causa de dejetos plásticos no mar. E o problema pode se agravar: segundo estudos científicos divulgados em Quito, cinco "ilhas" desses resíduos flutuam nos oceanos Pacífico, Atlântico e Índico.

"A cada ano, os plásticos (no mar) matam 1,5 milhão de animais", afirmou Laurence Maurice, do Instituto de Pesquisas para o Desenvolvimento (IRD) francês. "No Pacífico Norte, 30% dos peixes ingeriram plástico em seu ciclo de vida", acrescentou.

Durante a Semana da Água, organizada pela embaixada francesa em Quito, Maurice, que é diretora mundial de pesquisas do IRD, apresentou estudos recentes sobre o que chama de "o sétimo continente": massas não compactas de dejetos plásticos que estão à deriva nos três principais oceanos.

"A (ilha de dejetos) do Pacífico é a maior. As outras são um pouco menores", disse Maurice, em entrevista à AFP.

Por volta de 1997, essa massa de resíduos foi avistada pela primeira vez no Pacífico Norte, entre a costa californiana e o Havaí. Desde então, triplicou seu tamanho e, agora, ocupa uma superfície de 3,5 milhões de km². Esta ilha cresce, aproximadamente, "80.000 km2 por ano", alertou essa doutora em Hidrogeoquímica Ambiental.

Um artigo publicado em 2012 por especialistas da Universidade da Califórnia na revista "Biology Letters", da sociedade de pesquisas britânica Royal Society, já advertia que esses resíduos de microplásticos - partículas menores a cinco milímetros - formavam uma "sopa mortal" para o ecossistema marinho.

Expedições científicas encontraram esses dejetos a até 1.500 metros de profundidade no mar.

Albatrozes que comem tampas de garrafa Maurice explicou que essas massas flutuantes não chegam à costa, pois as correntes marinhas as arrastaram para o centro de redemoinhos gigantes, onde a água é "como um lago".

Uma garrafa d'água pode levar vários meses para chegar a esses redemoinhos. "O que acontece é que, no final, não vai se degradar, porque a ação das bactérias e dos fungos não ataca o plástico", afirmou a especialista, acrescentando que 80% do plástico que está no mar é polietileno, o material do qual esses recipientes são feitos.

Durante a conferência em Quito, Maurice disse que as espécies marinhas confundem os resíduos plásticos com comida e morrem, ao ingeri-los.

"Encontraram no estômago de uma baleia cachalote peças de estufas para cultivo de tomate que foram destruídas por uma tempestade e entraram no mar", contou a pesquisadora, acrescentando que do animal foram extraídos 20 quilos de plástico.

Aves marinhas como os albatrozes também acreditam que os restos plásticos que flutuam no mar são alimento.

"Os pais dessas aves estão dando pequenos pedacinhos de plástico a seus bebês (...) Um jovem albatroz foi encontrado morto com o estômago cheio de plástico, porque os pais estão confundindo comida com tampas de garrafa", comentou a especialista.

Em 2011, a Sociedade para a Conservação dos Golfinhos e das Baleias (WDCS, na sigla em inglês) destacou que os resíduos plásticos constituem uma ameaça mortal para golfinhos e baleias, porque eles ingerem, ou se enrolam nesse material.

Fonte: www.uol.com.br