A Rio+20 é Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável,
ocorre de 13 a 22 de junho, no Rio de Janeiro. Não é uma reunião para discutir
meio ambiente, mas sim como as esferas sociais e ambientais, além da econômica,
também devem ser consideradas no desenvolvimento de um país.
Para tentar explicar melhor o que é Conferência, a ONG Oxfam fez um
diagrama em rosquinha. Ele mostra que a vida humana existe entre um piso e um
teto. O piso é a necessidade social de viver, de ter acesso a alimentação, água
e conforto. Mas o teto é o quanto o ambiente pode fornecer, sem afetar as
gerações futuras.
SUSTENTABILIDADE
A definição mais aceita para desenvolvimento sustentável é o
desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem
comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações. É o
desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro. Esta definição surgiu
na Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
ECONOMIA
VERDE
A
chamada "economia verde" é um dos temas centrais da Rio+20. Contudo,
os países ainda não chegaram a um consenso sobre a melhor definição e alguns
países, inclusive, são contra sua utilização. Mas qual o motivo para tanta
controvérsia sobre o tema?
A
definição mais básica da economia verde é a que se opõe à economia marrom (a
atual), ou seja, seria uma economia mais preocupada com a preservação do
ambiente e sem o intenso uso de combustíveis fósseis como carvão e petróleo que
são altamente poluentes.
Mas
nada é tão simples quanto parece. Para os países em desenvolvimento,
representados pelo G77+China, dependendo de como a economia verde for definida
no documento final da Rio+20 pode levar a um comprometimento de adesão a
padrões tecnológicos e de condicionantes ao financiamento que eles temem não
conseguir cumprir. E além, acreditam que os países desenvolvidos podem usar
destas regras para criar barreiras a produtos exportados por eles. O que o G77
defende é um desenvolvimento sustentável que leve à erradicação da pobreza e
preservação do meio ambiente, mas sem a obrigação de ser por tecnologias verdes
(que podem ser caras e produzidas apenas pelos países ricos).
Já a
crítica mais pesada vem de ONGs, acadêmicos, cientistas e é compartilhada pelo
governo brasileiro: a economia verde se vale do modo de produção e consumo
capitalista, apenas tingindo de verde o que realmente é mais danoso ao
ambiente. Assim, não adianta consumir produtos que gerem menos prejuízo ao
ambiente, mas no ritmo desenfreado de hoje. O fim será o mesmo, só um pouco
adiado.
Por
outro lado a questão é: com o empoderamento da população mundial é normal que a
busca por conforto e bens aumente. É certo impedir que um chinês tenha carro
enquanto o americano tem quase mais de um carro por habitante? A solução seria
estimular a mudança do consumo e não só adaptá-lo.
Além
disso, outra forte crítica é a mercantilização dos bens naturais. Uma das
ideias da economia verde é precificar o meio ambiente, como por exemplo, o
Brasil receber para manter a Amazônia em pé e com isso garantir a captura de
CO2 e a biodiversidade local. E o mais difícil, descobrir quanto isso valeria.
Para alguns ecologistas, não é entrando no mercado que o ambiente será
preservado.
Os
defensores do mercado defendem que a economia verde tem que ser mais barata do
que a marrom para que ela realmente "pegue", já os ambientalistas
defendem a vontade política dos Estados para impor sua adoção. E a discussão
vai longe...
PIB
O PIB
(Produto Interno Bruto) é hoje o principal indicador de desenvolvimento de um
país. Quanto maior o PIB, mais desenvolvido ele é, teoricamente. Para alguns, o
PIB for per capita é um indicador ainda melhor. Mas ideia que ganha fôlego na
Rio+20 é a de que o PIB não é suficiente para medir o desenvolvimento de um
país. É necessário envolver também indicadores sociais e ambientais.
O PIB
per capita é um indicador melhor, pois divide a riqueza do país pelo número de
habitantes, mas não mostra desigualdades sociais. Para medir o desenvolvimento
social, o indicador mais utilizado hoje em dia é o IDH (Índice de
Desenvolvimento Humano), mas para o ambiente não há um correspondente.
Um dos
objetivos da Rio+20 é trazer um caminho para a criação deste índice que una as
três vertentes e tem sido popularmente conhecido como índice de felicidade.
SEM
PROTOCOLOS
O
objetivo da Rio+20 não é produzir um protocolo ou um documento final com metas
que devem ser aprovadas nos países. Ela terá uma carta de intenções para os
próximos anos, não muito diferente do que foi a ECO92. Lá foram lançadas
Conferências como a do Clima e de Biodiversidade que conseguiram atingir
protocolos, como o de Kyoto (para as emissões de gases do efeito estufa) e o de
Nagoia (para a biodiversidade).
Com o
fortalecimento de programa da ONU para o meio ambiente, a Conferência deve
mostrar o caminho para se chegar ao desenvolvimento sustentável sem metas com
números
Assim como
temos os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, com metas para acabar com a
extrema pobreza e a fome, promover a igualdade entre os sexos, erradicar
doenças até 2015, discute-se adotar na Rio+20 os Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável. Ele seria baseado em 26 temas e o prazo seria 2030.
Se
todos os temas como energia, segurança alimentar, erradicação da pobreza, água
etc. serão abordados e como serão ainda é tema para discussão durante a
Conferência. Espera-se que não se fechem as metas propriamente ditas, mas que
se abra caminho para defini-las
Fonte: globo.com
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